Brasil: futebol, carnaval, samba e inversão de valores

Tenho acompanhado essa polêmica toda a respeito das mensagens trocadas entre a força-tarefa da Lava Jato com o então juiz e atual ministro da Justiça, Dr. Sérgio Moro. Estou absolutamente surpreso! Porém, a última coisa que me surpreende é o teor das mensagens trocadas entre o MPF e o juiz da causa.

Ministro Sérgio Moro e o procurador Dallagnol – Foto: Reprodução/Redes Sociais

Quem advoga na área criminal está mais do que acostumado com essa proximidade entre o juiz e o promotor. Ela é até natural. Afinal, ambos trabalham juntos, fazem audiências todos os dias, durante tardes inteiras. Tanto juiz como promotor são funcionários públicos. Normalmente são pessoas que optaram por essas carreiras com ideais de contribuir para um país e um mundo mais justo; que, em muitas vezes, se traduz em punir os culpados.

Aliás, isso não é de hoje. Desde muito existe esse tipo de entendimento entre o acusador e o julgador. Só que antes, ela acontecia presencialmente, na sala de audiências, no gabinete do juiz, no cafezinho do Fórum, etc. Hoje em dia, com os avanços da tecnologia, ela ocorre pelos aplicativos de mensagem.

O problema maior se dá quando essa proximidade e essa identidade de ideias e ideais contamina a imparcialidade do juiz. Novamente: quem advoga na área criminal está muito habituado a esse tipo de situação, onde a imparcialidade do juiz está totalmente comprometida por essa proximidade com o órgão da acusação, que é tão parte quanto a defesa no processo criminal.

Não é o caso do juiz Sérgio Moro. Tive a oportunidade de atuar em vários casos da chamada Operação Lava Jato, de casos relativamente comuns até casos mais sensíveis, como o do triplex e o do sítio de Atibaia.

Nosso primeiro cliente era uma pessoa ligada a uma das figuras centrais dessa história – o doleiro Alberto Youssef, velho conhecido da Justiça Criminal do Paraná.

O Ministério Público Federal denunciou e, nas alegações finais, pediu a condenação do nosso cliente. O Dr. Sérgio Moro, de forma independente e imparcial, absolveu nosso cliente.

Depois, representamos um importante executivo da OAS em vários processos.

No caso do triplex, mesmo sem acordo de colaboração firmado com o MPF, o Dr. Sérgio moro reconheceu a contribuição de nosso cliente para o esclarecimento da verdade e aplicou os benefícios da colaboração. O MPF teve de recorrer da decisão.

Mais para frente, foi a vez do processo que versava sobre as obras do Cenpes no RJ. Novamente, o Dr. Sérgio Moro, contrariando os pleitos da acusação, reduziu a pena de nosso cliente ante a sua contribuição para o esclarecimento da verdade, mesmo sem um acordo de colaboração firmado com o MPF. Novamente o MPF teve que recorrer dessa decisão.

Mudou o juiz, mas não mudou a independência e imparcialidade do Juízo da 13.ª Vara Federal de Curitiba. No caso do sítio de Atibaia, a Dra. Gabriela Hardt, inobstante o pedido de condenação formulado pelo MPF, absolveu nosso cliente de uma das acusações e extinguiu o processo em relação à outra acusação. Novamente o MPF recorreu da decisão. Lamentavelmente, vi pouca ou quase nenhuma repercussão dessa decisão na imprensa…

Assim, pelo menos na minha experiência, nunca houve comprometimento da imparcialidade do juiz nos casos da Lava Jato em que atuei. E toda vez que procurei o Dr. Sérgio Moro para despachar, sempre fui recebido com atenção e respeito. Nunca precisei do Telegram do juiz Sérgio Moro para poder falar com ele.

O que ficou muito evidente para mim na conduta do Dr. Sérgio Moro foi sua obsessão pela apuração da verdade. E, afinal de contas, é para isso que serve o processo penal.

Todo processualista sabe que a verdade real está acima da verdade formal. E foi por fazer essa leitura do juiz que definimos que a melhor tática de defesa seria contribuir para o esclarecimento da verdade, que, diga-se de passagem, veio à tona por muitos e muitos outros elementos de prova, tais como perícias, testemunhos, documentos, informações decorrentes de quebra de sigilo telemático, telefônico e bancário, etc.

Nessa história toda, me causa grande perplexidade ver que algum hacker tem a coragem e a petulância de invadir a privacidade do ministro da Justiça e de integrantes da força-tarefa da Lava Jato e que essa questão fique em segundo plano! Isso é gravíssimo! Autoridades da maior importância tiveram seus telefones invadidos e as pessoas parecem não se aperceber da seriedade disso. Trata-se de crime grave e a identificação e punição dos envolvidos deveria estar em primeiro lugar na ordem do dia.

Hoje, um site qualquer que tenha ligação com o mundo do crime – e hackers são criminosos, não nos esqueçamos disso – dá voz irrestrita àqueles que têm a audácia de hackear os celulares do ministro da Justiça e de procuradores da República da força-tarefa da Lava Jato.

Quem passou essas informações para o jornalista? Como ele teve acesso a elas? Se o jornalista for perguntado, certamente vai e deve alegar que tem direito ao sigilo da fonte.

A inversão de valores que estamos vivendo é de deixar qualquer pessoa de bem completamente estarrecida. As pessoas que trabalham para fazer com que os criminosos paguem por seus crimes, são condenadas. Enquanto isso, o sigilo (da fonte) vale para proteger a identidade de criminosos audazes, mas o sigilo (das comunicações) pode ser atropelado se for para expor autoridades altamente respeitadas ao juízo (leigo) da opinião pública. É isso mesmo ou eu perdi alguma parte dessa história?!?

O que mais me deixa espantado nisso tudo é que a imprensa supostamente séria presta mais atenção no conteúdo das mensagens trocadas – que revelam nada mais do que a praxe forense de sempre – do que no crime praticado contra importantes autoridades da República.

No fim, realmente tem muita coisa surpreendente nesse episódio todo. A única coisa que não causa surpresa alguma é o teor das mensagens trocadas entre a força-tarefa da Lava Jato e o então juiz Sérgio Moro.

*Luís Carlos Dias Torres é advogado do Torres Falavigna Advogados.

Juiz deve ser ‘olimpicamente independente’, diz Fux
Ministro do Supremo, em palestra no Rio, nesta segunda, 17, não comentou os vazamentos de diálogos atribuídos a procuradores da Lava Jato e ao ministro Sérgio Moro, por quem disse ter ‘profundo respeito’
Vinicius Neder/RIO

O ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux disse nesta segunda, 17, em palestra, que o juiz deve ser ‘olimpicamente independente’, mas evitou comentar os diálogos entre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro – quando ainda era juiz federal -, e integrantes da Operação Lava Jato que vazaram e foram publicados pelo site The Intercept.

“Esse caso eu não quero comentar, até porque tenho profundo respeito por esse magistrado (Moro), e não quero me imiscuir na independência dele, assim como não gostaria que ele comentasse qualquer atividade minha”, afirmou Fux, ao ser questionado, após a palestra, se o atual ministro da Justiça havia sido independente nos processos relacionados à Lava Jato.

Fux também evitou responder qual sua posição sobre a possibilidade de provas que podem ter sido obtidas ilegalmente serem usadas para mudar decisões a favor do réu, como nos processos envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Pouco antes, na sessão de abertura de um seminário na Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj), cujo tema principal é o papel e o perfil de juízes e desembargadores, Fux disse. “Devemos ser, em primeiro, lugar independentes, olimpicamente independentes”.

O ministro do STF citou deter conhecimento ‘enciclopédico’ e exercer a justiça de forma caridosa e justa como outros atributos dos magistrados.

Após a fala na sessão de abertura, ao deixar o evento, Fux explicou a jornalistas que quis dizer que ‘o juiz não pode ficar sujeito a nenhum tipo de pressão’.

“A partir do momento em que ele toma posse, inicia-se sua plena independência jurídica, na medida em que goza de garantias da magistratura, que o tornam inamovível, vitalício, de sorte que ele tem essas garantias que mantêm sua necessária independência”, disse o ministro.

Segundo Fux, o juiz deve decidir casos subjetivos conforme a consciência dele, mas, em alguns casos, deve ‘ouvir’ a sociedade para tomar decisões sobre questões objetivas.

“Há casos objetivos em que estão em jogo valores morais da sociedade. Nesse particular, nesse caso, o juiz deve prestar contas à sociedade. Tem que verificar como a sociedade pensa moralmente no âmbito do interesse público sobre determinadas questões objetivas, como descriminalização de drogas, idade em que a criança deve entrar na escola, homoafetividade”, disse Fux.

Indagado sobre como a questão da independência dos magistrados se relaciona com a imparcialidade em relação às partes envolvidas nos processos, Fux disse apenas que ‘o juiz independente é imparcial’.

Fux também foi citado nos supostos diálogos obtidos pelo site The Intercept.

O nome do ministro do STF surgiu numa sequência de mensagens que teriam sido trocadas entre Moro, quando ainda era juiz federal, e o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná.

Segundo o site, Dallagnol teria enviado mensagem a outros procuradores e a Moro em abril de 2016 relatando conversa com Fux e o apoio dele à Lava Jato.

A resposta que teria sido dada por Moro (‘In Fux we trust’) virou um dos termos mais comentados no Twitter na noite de quarta-feira, 12, após o editor-executivo do The Intercept Brasil, Leandro Demori, apresentar a nova sequência de mensagens.

Por Luiz Carlos Dias Torres

Matéria reproduzida do jornal O Estado de São Paulo

Fonte:

Estadão

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Acorda Brasil: Há uma campanha orquestrada contra Moro e a Lava Jato

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal aceitou denúncia do Ministério Público, tornando réus três deputados federais e um senador do partido Progressistas (PP). Acusação: desvio de R$ 390 milhões no esquema do petrolão, portanto, mais um caso descoberto pela força-tarefa da Lava-Jato.

Ministro da Justiça Sérgio MoroFoto: Reprodução/Redes Sociais

A decisão do STF, apertada, por três votos a dois, saiu na última terça-feira, 11 de junho de 2019. Pois o inquérito vem desde março de 2015.

A história é bem conhecida e começa com Paulo Roberto Costa, um dos primeiros operadores do petrolão a serem apanhados. Delatou, contou que era o representante do PP na diretoria da Petrobras, detalhou o esquema de desvio de dinheiro para ele mesmo e para políticos. Foi o primeiro delator da operação, chamado então de “delator bomba”, isso em 2014.

Foi preso, condenado, cumpriu parte da pena em Curitiba, passou para a domiciliar, está em casa.

Enquanto isso, os políticos denunciados, que têm o foro privilegiado, continuam no exercício do mandato e só agora tornaram-se réus.

Nessa mesma parte da história, tem um político já condenado, o ex-deputado Nelson Meurer, do PP, a uma pena de prisão de mais de 13 anos. Foi o primeiro parlamentar condenado pelo Supremo no âmbito da Operação Lava-Jato. E ainda está livre, graças aos inúmeros recursos no próprio STF.

Portanto, os quatro parlamentares, que se tornaram réus na última terça-feira, têm, claro, motivo de preocupação, mas não é uma sangria desatada. E quase escaparam. Dos cinco magistrados da Turma, dois votaram contra a denúncia, os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. Para aceitar a denúncia, votaram Edson Fachin, Cármen Lúcia e o decano Celso de Mello.

É brutal a divergência dos votos. Gilmar Mendes disse que a denúncia do Ministério Público, e originária da Lava-Jato, era um amontoado de argumentos soltos e vazios. E foi para cima de Sergio Moro.

Já Celso de Mello, conhecido pelos seus votos longos, cuidadosos e detalhados, entendeu que a denúncia envolvia a atuação de “políticos que parecem desconhecer a República”. Considerou que o MP construiu um bom caso, com indícios relevantes de prática de crime.

Como esses dois votos podem ser tão distantes? Simples: o decano argumentou como magistrado. Já Gilmar Mendes simplesmente está em campanha para derrubar a Lava-Jato e o que chama de “Direito Penal de Curitiba”.

Eis o ponto. A Lava-Jato inovou na investigação, sempre coordenada, envolvendo Ministério Público, Polícia Federal, Receita Federal, Coaf e outros órgãos, utilizou instrumentos contemporâneos, como a delação premiada, e introduziu interpretações jurídicas. Tudo isso permitiu caracterizar e punir os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha entre políticos e empresários.

Ou seja, o “Direito Penal de Curitiba” descobriu e apanhou um monstruoso assalto ao Estado que vinha sendo praticado há muitos e muitos anos.

O outro Direito Penal, o velho, o da corte brasiliense, simplesmente não viu nada disso.

Onde o velho Direito, chamado garantista, via “simples caixa dois”, uma simples infração eleitoral, o novo descobriu lavagem de dinheiro.

Um exemplo entre tantos.

A mudança começou no mensalão. Mas ninguém saberia o tamanho da corrupção sem a Lava-Jato.

Tudo isso para dizer que há, sim, uma campanha aberta contra a Lava-Jato. Fazem parte os corruptos já descobertos e os que temem ser apanhados; os políticos que estavam acostumados a se servir do poder; a esquerda que quer livrar Lula, o comandante da operação toda; a direita que quer a farra de volta.

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E também estão nesse esforço advogados, por razões óbvias, e juízes. Por que juízes? Porque para muitos deles a Lava-Jato é a prova viva de quantos crimes deixaram passar ou não quiseram ver.

A divulgação das conversas Moro/Dallagnol faz parte disso. E o que tem ali é, sim, uma certa coordenação formal de trabalho. Legítima.

Não republicanas são as relações entre magistrados, advogados, políticos e réus, mantidas a festas e jantares e viagens na corte brasiliense.

E o pessoal do site Intercept não faz jornalismo. É pura militância.

Por Carlos Alberto Sardenberg

Texto reproduzido na íntegra do Jornal O Globo

Fonte:

O Globo

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Funcionários da Prefeitura de Sumaré reclamam falta de materiais básicos e até papel higiênico

Funcionários Públicos da Prefeitura Municipal de Sumaré, reclamam há tempos a falta de materiais básicos em todos os setores da Administração, desde papel sulfite, luvas de procedimentos, copos descartáveis e até mesmo papel higiênico são os funcionários quem tem que providenciar e trazer de suas casas. Um total abandono com a população e com os funcionários públicos, e as reclamações vem de todos os setores. Como se já não bastasse a falta de medicamentos nos Postos de Saúde do Município.

Prefeito de Sumaré, Luiz Dalben (PPS) – Foto: Reprodução/Redes Sociais

Depois temos que acompanhar a propaganda do governo Municipal tentando enganar a população de que tudo está dentro da “normalidade”. Na Prefeitura só não falta dinheiro para pagar a folha de pagamentos e garantir os bons salários dos comissionados e apoiadores do prefeito Luiz Dalben (PPS).

Isto é uma vergonha.

É lastimável que as prioridades do atual prefeito nunca são as da população e da cidade em geral. A impressão que fica é de que o prefeito vive num mundo de “faz de contas”.

Aliás, por onde anda o ainda deputado estadual Dirceu Dalben?

Abre o olho povão, ano que vem tem eleição novamente.

Por Francisco da Silva

Fonte:

Denúncia anônima/Redes Sociais

Foto: Reprodução/Redes Sociais

A casa caiu: Tribunal põe Jonas Donizete pra fora da Prefeitura de Campinas

O Tribunal de Justiça afastou o prefeito Jonas Donizette da Prefeitura de Campinas por contratar mais de 1.800 sem concurso público.

Foto: Reprodução/Ronaldo Freitas/Estadão

Em acórdão, 6.ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo impõe ao prefeito do PSB, acusado de ‘cabide de emprego’ na gestão da cidade do interior paulista, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos por 5 anos e multa de 30 vezes seu contracheque e ordena a exoneração imediata de 1.851 comissionados

Julia Affonso e Fausto Macedo

A 6.ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo decretou o afastamento do prefeito de Campinas Jonas Donizette (PSB) por improbidade administrativa. O acórdão impõe ao prefeito a perda da função pública, suspensão dos direitos políticos por 5 anos e multa no valor de 30 vezes seu contracheque, além de ordenar a exoneração de 1.851 comissionados.

‘NEFASTO CLIENTELISMO OPERADO PELO RÉU’

Campinas, a 90 quilômetros de São Paulo, é a terceira maior cidade do Estado, com 1,1 milhão de habitantes. É um dos maiores Índices de Desenvolvimento Humanos (IDH) do País.

A desembargadora Silvia Meirelles, relatora do recurso do Ministério Público do Estado, afirmou que Jonas Donizette criou um ‘cabide de empregos’ no Executivo.

Segundo a magistrada, o prefeito ‘se mostrou inapto para o exercício do cargo político de chefe do Poder Executivo Municipal, instaurando efetivo patrimonialismo durante o seu mandato’.

Silvia estabeleceu que a multa deve ser paga no valor de trinta vezes a remuneração do prefeito na data do julgamento. Em abril, Jonas recebeu salário de R$ 23.894,65. A multa deve alcançar R$ 716 mil.

O prefeito também foi proibido de ‘contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos’.

A desembargadora determinou que sejam exonerados todos os funcionários ‘ocupantes de todos os cargos descritos nas leis declaradas inconstitucionais, no prazo de trinta dias, com a proibição de novas contratações para os mesmos cargos, sendo permitido apenas o preenchimento por meio de concurso público’.

Entenda o caso
Jonas Donizette foi alvo de ação civil por improbidade, ajuizada pelo Ministério Público do Estado. O processo apontou a ‘existência de cargos em comissão que contrariam às Constituições Federal e Estadual, violando os princípios do concurso público, da impessoalidade, da eficiência e da moralidade’.

A Promotoria apontou que Campinas tinha ‘um quadro exorbitante de cargos comissionados, muito superior ao de diversos países’. De acordo com a ação, a cidade tinha 846 cargos em comissão e mais 985 funções comissionadas, ‘um montante exorbitante de 1.851 cargos de chefia, direção ou de assessoramento’.

Em 1.ª instância, a Justiça condenou Jonas ‘ao pagamento de multa civil equivalente a dez vezes o valor da remuneração por ele percebida na data da sentença’. Em seu voto, a desembargadora reformou a sentença, aumentando a multa e tirando o prefeito do Executivo.

“Restou comprovado o cometimento de ato ímprobo pelo réu Jonas Donizette, uma vez que este, reiteradamente, nomeou livremente pessoas despreparadas para o exercício de funções meramente burocráticas, sob o argumento de que se tratavam de cargos comissionados”, afirmou.

“Note-se que a prova testemunhal é farta no sentido de demonstrar que as indicações para os cargos comissionados ocorriam sem quaisquer critérios técnicos e para o fim de satisfazer o interesse público, mas, ao revés, o eram tão somente para atender aos interesses pessoais de apaniguados políticos, favorecendo pessoas determinadas.”

Segundo Silvia, o prefeito usou o ‘quadro funcional da Administração Pública Municipal como um verdadeiro ‘cabide de empregos’, concedendo benesses a seus apaniguados políticos e a seus amigos’.

A magistrada apontou ‘um nefasto clientelismo operado pelo réu Jonas Donizette, o qual sem qualquer pudor, reiteradamente, nomeou os seus apaniguados para cargos públicos que claramente não poderiam ser preenchidos por mera nomeação’.

A desembargadora afirmou, em seu voto, que houve ‘dolo de agir’ por parte de Jonas Donizette.

“Note-se que no Brasil, infelizmente, impera a oligarquia e o favoritismo, sendo o brasileiro ainda um “homem cordial”, conforme ensina o sociólogo e historiador Sérgio Buarque de Holanda, em seu Livro “Raízes do Brasil” (aquele que age para favorecer apaniguados, pensando no interesse privado e não no público)”, registrou.

“Impera o patrimonialismo, o qual consiste no apoderamento da máquina pública pelo particular, entrelaçamento do setor público com o privado, sendo bem explicado este fenômeno no cenário brasileiro por Raymundo Faoro, no seu livro ‘Os donos do poder’.”

COM A PALAVRA, A PREFEITURA DE CAMPINAS

“A Prefeitura de Campinas vai recorrer da decisão em instâncias superiores, lembrando que o prefeito Jonas Donizette, após orientação da Procuradoria de Justiça, foi quem teve a iniciativa de criar uma lei que limitou em 4% o número de servidores comissionados em relação ao total de servidores na Administração Municipal. Hoje, o número de servidores comissionados está em torno de 3% do total.”

Por Francisco da Silva (reproduzido na íntegra via Estadão)

Fonte:

Estadão

Foto: Reprodução/Redes Sociais

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Tenente Santini afirmou que há vereadores indicados pelo PCC na Câmara de Campinas

Vereadores vão acionar Corregedoria contra Santini
Tenente Santini (PSD) afirmou que há vereadores indicados pelo PCC, envolvidos em roubo de carga e alguns que até pegam parte do salários dos comissionados.

Foto: Reprodução/Câmara Campinas

Vereadores querem que Santini prove as acusações (Foto: Divulgação)
O vereador Jorge Schneider (PTB) vai protocolar, nesta quinta-feira (6), um requerimento na Corregedoria da Câmara de Campinas para que Tenente Santini (PSD) prove as acusações que fez durante a sessão da noite desta quarta-feira (5). Vários parlamentares apoiaram a medida.

Durante sua fala, Santini afirmou que há vereadores indicados pela facção PCC, envolvidos em roubo de carga, tráfico de drogas e alguns que até pegam parte do salários dos servidores comissionados.

“Temos um policial que está acima da lei e vai nos salvar. Temos uma pessoa acima de Jesus. Ele acha que pode fazer as acusações que quiser, mas esta Casa não deve ficar silenciosa, porque senão será conivente com essas acusações”, afirmou Schneider.

O presidente da Casa, Marcos Bernardelli (PSDB), afirmou que se Santini não provar e não apontar o que cada um cometeu, ele vai estar fazendo uma acusação falsa e isso beira a prevaricação – um crime de servidor público. “Ele é funcionário público e ele sabe bem disso”, afirmou. O parlamentar ainda disse que Santini cria cortinas de fumaça.

“Já vi debates memoráveis, mas nunca vi alguém passar dos limites igual hoje. Eu acho que ele fala isso pra tentar acobertar o que ocorre no governo federal. Ele é o representante do Bolsonaro aqui, e o modelo que ele apoiou já acabou. O projeto que ele (Santini) sustenta já exauriu, já naufragou”, disse Bernardelli.

Já Professor Alberto (PR) comparou Santini a Joseph Goebbels, que foi ministro da Propaganda de Adolf Hitler na Alemanha nazista. “Na história um propagandista nazista dizia que uma mentira dita muitas vezes vira verdade. Se ele fica xingando todo mundo de mafioso toda vez, as pessoas vão achar que aqui só tem mafioso. Santini flerta com o autoritarismo com sua fala. Ele não sabe lidar com a democracia”, disse.

Giberto Vermelho (PSDB) foi ao encontro de Schneider e concordou com a proposta do petebista. Já Luiz Rossini (PV) afirmou que falta responsabilidade para Santini ao expressar sua opinião.

“Eu já ouvi muita coisa que não concordo. Muitas insinuações maldosas, mas hoje foi além do limite, porque hoje ouvi acusações. Precisamos fazer alguma coisa, porque o acusador precisa trazer provas, sob pena de responsabilidade legal”, disse Rossini.

Já Luiz Cirilo (PSDB) foi irônico ao comentar que só Santini deve ser bom. “Se isso é verdade, o Ministério Público tem que fechar essa Casa. Pelo jeito só vai ficar ele, já que são tantas acusações que não dá pra ser só uma parlamentar envolvido. Ele passou de todos os limites”, afirmou.

O vereador Pastor Elias (PSB) garantiu que o PSB deverá cobrar Santini. “Vou conversar com os vereadores do PSB para ver se, como partido, apresentamos algum documento contra isso. Mas garanto que todos nós assinaremos esse requerimento para a Corregedoria”, comentou.

VAI TER QUE PROVAR

Antonio Flores (PSB), corregedor da Câmara, afirmou que não cabe a Corregedoria provocar ninguém, porém, caso chegue a denúncia, Santini deverá prestar esclarecimentos.

“Eu já respondi a outras falas dele antes e garanti que não iria morder iscas desnecessárias. Ele não poupou pessoas nem do próprio partido. Neste momento cabe a este vereador tomar providências em relação a isso”, disse.

Flores ainda disse que Santini está procurando um momento para aparecer e que por alguma razão isso está ocorrendo agora. “Ele disse que existe máfia, mas nunca nada foi provado contra algum vereador”, disse.

Santini permaneceu em silêncio durante todas as falas e não se pronunciou mais.

Por Francisco Silva – reproduzido na íntegra do site A Cidade On

Fonte:

A Cidade On

Foto: Reprodução/Câmara Campinas

MP de Paulínia denuncia secretário, vereador e mais nove pessoas por associação criminosa

Eles são suspeitos de agir, com violência e ameaça, para obrigar empresas prestadoras de serviço da Replan a contratar pessoas indicadas pelo grupo. Servidores estão afastados.

Decisão da Justiça afasta vereador e secretário de Desenvolvimento Econômico de Paulínia

O Ministério Público de Paulínia (SP) denunciou o secretário de Desenvolvimento Econômico do município, Elizaman de Jesus Lopes, o vereador Tiguila Paes (PPS) e outras nove pessoas por extorsão, associação criminosa e crime contra a organização do trabalho. Eles são suspeitos de agir, com violência e ameaça, para obrigar empresas prestadoras de serviço da Refinaria de Paulínia (Replan) a contratar pessoas indicadas pelo grupo.

Os suspeitos foram denunciados na sexta-feira (31) e a Promotoria confirmou a informação nesta terça (4), em coletiva de imprensa junto com a Polícia Civil. A investigação encerrou o inquérito e pediu a prisão preventiva de três pessoas ligadas à uma cooperativa de trabalhadores de Cosmópolis (SP). Os três estão foragidos.

Uma decisão da Justiça determinou que o secretário e o vereador sejam afastados de suas funções. De acordo com a Prefeitura de Paulínia, Elizaman de Jesus Lopes não exerce mais a função desde segunda-feira (3) e será exonerado em uma edição especial do semanário oficial do município, que será publicada nesta quarta (5).

A EPTV, afiliada da TV Globo, esteve na sessão da Câmara de Paulínia nesta terça e verificou que o vereador Tiguila Paes não estava na Casa. O advogado que defende os dois agentes públicos informou que os servidores não inocentes e vão recorrer da denúncia. “Eles não são criminosos, a denúncia é frágil e a gente espera reverter isso na instância superior”, disse Juan Felipe Camargo Coimbra de Souza.

Elizaman de Jesus Lopes, secretário de Paulínia (SP) preso pela Polícia Civil, foi afastado do cargo — Foto: Reprodução
Elizaman de Jesus Lopes, secretário de Paulínia (SP) preso pela Polícia Civil, foi afastado do cargo — Foto: Reprodução

35 indiciados
De acordo com o delegado Rodrigo Luís Galazzo, o inquérito foi concluído com 35 indiciados. Além do vereador e secretário, todos os outros eram funcionados ligados à cooperativas que faziam protestos e paralisações para obrigar as empresas a contratar os indicados. O agente disse que a investigação ainda terá outros desdobramentos.

Ministério Público afasta secretário e vereador de Paulínia – Foto: Reprodução/Redes Sociais

“Isso começou com um secretário que era assessor de um vereador. Eles faziam uma gestão junto às cooperativas. Isso gerava um prestígio político, inclusive revertido em votos”, disse o promotor do Ministério Público Andre Perche Lucke.

No dia 15 de maio, Elizaman de Jesus Lopes foi preso e exonerado pela Prefeitura de Paulínia. No entanto, quatro dias depois ele conseguiu um habeas corpus e foi nomeado novamente para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico.

Polícia Civil e Ministério Público falaram sobre o caso nesta terça-feira. Foto: Reprodução/Daniel Mafra/EPTV

Fonte:

G1 Campinas/EPTV

Foto: Reprodução/EPTV Campinas

Senado aprova proibição de cobrança de taxa por religação de água e energia

As concessionárias de serviços públicos, como as fornecedoras de água e energia elétrica, serão proibidas de cobrar taxas ou tarifas dos consumidores para religar ou restabelecer o serviço. É o que determina o Projeto de Lei (PL) 669/2019, aprovado nesta terça-feira (21) pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

Foto: Reprodução/Divulgação

Segundo o autor, senador Weverton (PDT-MA), há uma lacuna legal na Lei de Concessões a respeito do restabelecimento de serviços públicos após a interrupção por falta de pagamento. Sem norma, há espaço para abusos por parte das empresas concessionárias, que cobram taxas de religação, sem amparo legal e punindo indevidamente o consumidor, sobretudo os mais pobres.

O relator, senador Mecias de Jesus (PRB-RR), lembra que a retomada do serviço tem sido regulada por normas infralegais, a cargo das agências reguladoras. As empresas se amparam no Código de Defesa do Consumidor, alegando a necessidade de buscar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos como justificativa para as cobranças, já que desligar o serviço por inadimplência gera um custo. Estados e municípios tentam regulamentar o assunto em âmbito local, e todo o quadro de incertezas tem levado a disputas e decisões conflitantes na Justiça.

Entretanto, lembra o relator, é a União que tem competência privativa para legislar sobre águas e energia. O projeto elimina a incerteza jurídica reinante e protege as partes mais vulneráveis das relações contratuais envolvidas, diz Mecias.

O relator apresentou emenda para ampliar o conceito de taxa e evitar ambiguidade de interpretação. Ele acrescentou ao texto “tarifa ou outra modalidade de contraprestação pela religação ou restabelecimento do serviço”. Também determinou que o prazo máximo de realização será de 12 horas, contadas a partir do pedido do consumidor ou da quitação de eventual débito.

Críticas às agências

A senadora Kátia Abreu (PDT-TO) elogiou a iniciativa, dizendo que a proposta vai beneficiar principalmente famílias de baixa renda. Segundo ela, projeto semelhante foi aprovado no Tocantins, mas as empresas entraram na Justiça, alegando que o tema não poderia ser tratado por lei estadual, mas somente por norma federal.

O senador Jean Paul Prates (PT-RN) lamentou o fato de o Poder Legislativo ainda ser obrigado a fazer normas desse tipo. Para ele, isso ocorre por conta da incompetência e omissão das agências reguladoras.

— Somos obrigados a descer nesse nível de detalhe numa lei para um assunto regulatório. Uma boa agência tinha que ser capaz de resolver um problema dessa natureza. Sou defensor das agências, e pelo fato de sê-lo é que estou aqui criticando a falta de competência dessas autarquias — lamentou.

Para o senador Rogério Cavalho (PT-SE), as agências se conectam apenas com os setores regulados, e nunca com a sociedade, prejudicando sistematicamente os consumidores.

Já o senador Otto Alencar (PSD-BA) disse que as agências viraram “centros de traficância”. Ele reclamou ainda de o Congresso não poder convocar seus diretores.

— Uma comissão da Câmara ou do Senado pode convocar ministro de Estado, mas não pode convocar diretor de agência reguladora. Quando convida, eles não vêm e mandam representantes. E por que não mudamos a lei? O erro está aqui dentro do Congresso. Já debati isso muitas vezes. E mais: cada diretor de agência é indicado por deputado, senador ou partido e fica respondendo a quem o indicou […]. Essa é a realidade: ou muda-se a lei ou então diretor nenhum vai dar satisfação […]. Essa é uma realidade que todos conhecem. As agências reguladoras são o maior centro de traficância de Brasília — criticou.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), por sua vez, elogiou o modelo de sistema regulatório, mas disse que o problema está no uso errado que se faz desse instrumento.

— O mecanismo das agências é excelente, moderno e contemporâneo. Mas as indicações são feitas pelo Executivo com critérios essencialmente políticos, e não técnicos. Essas indicações são aprovadas no Senado, também com critérios políticos. O uso do sistema é que está errado. É isso que dá ousadia para pessoas irem às ruas defender fechamento de Congresso e do Supremo. É a ineficiência do trabalho realizado. Temos que alterar aquilo que não funciona, mas dentro do jogo democrático — opinou.

A proposta segue para análise na Comissão de Transparência, Governança, Controle e Defesa do Consumidor (CTFC).

Por Juliana Ribeiro

Fonte:

Agência Senado

Foto: Reprodução/Divulgação