Executivos da Trafigura são alvo da primeira denúncia da Lava Jato sobre esquema criminoso de trading na Petrobras

Força-tarefa acusa ex-executivos das gigantes do petróleo e derivados por corrupção e lavagem de dinheiro.

A força-tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal (MPF) no Paraná denunciou nesta sexta-feira (14), Mariano Marcondes Ferraz e Marcio Pinto de Magalhães, ex-executivos do grupo Trafigura, o operador financeiro Carlos Henrique Nogueira Herz e Marcus Antonio Pacheco Alcoforado, ex-gerente de Comércio Externo de Óleos Combustíveis da Petrobras, envolvidos num esquema de corrupção e lavagem de ativos em 31 operações de trading de óleo combustível entre a empresa internacional e a estatal petrolífera.

Arte na cor marrom, escrito lava jato em uma tarja alaranjada

Segundo a denúncia, as 31 operações de compra e venda de óleo combustível entre a Petrobras e a Trafigura envolveram o pagamento de propinas de aproximadamente US$ 1,5 milhão. As propinas foram pagas ao ex-gerente de Comércio Externo de Óleos Combustíveis da Petrobras pelos executivos da Trafigura, com o objetivo de obter facilidades, preços mais vantajosos e operações de trading de óleo combustível e derivados de petróleo com maior frequência.

Os pagamentos foram realizados por intermédio de operadores financeiros que, sofisticadamente organizados, efetuavam operações de lavagem de ativos em contas ocultas no exterior e disponibilizavam, à margem do sistema oficial de câmbio, os pagamentos, em espécie, no Brasil, ao funcionário público envolvido nos crimes. Trata-se de tipologia de lavagem de ativos conhecida pelo nome de operação dólar-cabo.

A denúncia fundamenta-se em farto material probatório, decorrente especialmente de quebras de sigilo telemático e análise de mídias e documentos apreendidos na 44ª fase da Operação Lava Jato, que indicam a constância e a habitualidade do esquema criminoso, desvelado pela utilização de pseudônimos, e-mails fictícios criados especificamente para finalidades espúrias e uso predominante de linguagem cifrada em trocas de mensagens eletrônicas.

Desdobramentos da 57ª fase da Lava Jato – Esta é a primeira denúncia apresentada pelo MPF decorrente da 57ª fase da Operação Lava Jato. As investigações continuam em andamento e aprofundamento, seja com relação a outras tradings companies e seus executivos, seja com relação a outros funcionários públicos e, mesmo, outros períodos de tempo durante os quais o esquema delituoso perdurou, em prejuízo da Petrobras.

Continuidade das investigações – O esquema de corrupção em operações de trading de óleo combustível na Petrobras em favor da Trafigura foi mantido por pelo menos seis anos. Há indicativos de que os crimes estavam sendo praticados até o momento, já que a investigação abrange outros dois funcionários da Petrobras que ainda atuavam na estatal na data da deflagração da 57ª fase da Lava Jato.

A força-tarefa optou pelo fatiamento de denúncias, separando esse primeiro conjunto de crimes de outros que são apontados por provas relacionadas e que dizem respeito aos mesmos denunciados, a outros executivos da mesma empresa e a executivos de outras trading companies. Esta primeira denúncia refere-se, portanto, a apenas parte dos fatos investigados.

Autos nº 5058533-34.2018.4.04.7000

Íntegra da denúncia

 

Lava Jato – Acompanhe todas as informações oficiais do MPF sobre a operação Lava Jato no sitewww.lavajato.mpf.mp.br

Veja todos os denunciados

  • Mariano Marcondes Ferraz – Ex-executivos do grupo Trafigura;
  • Marcio Pinto de Magalhães – Representante da Trafigura no Brasil e preso na 57ª fase da Lava Jato;
  • Carlos Henrique Nogueira Herz – intermediador de pagamento de vantagem indevida e preso na 57ª fase da Lava Jato;
  • Marcus Antonio Pacheco Alcoforado – ex-gerente da Área de Marketing e Comercialização da Petobras e preso na 57ª fase da Lava Jato.

A denúncia, ainda conforme o MPF, foi fundamentada em um “farto material probatório” apreendido na 44ª fase da Lava Jato.

Além da Trafugira, também são alvo da 57ª fase da Lava Jato as empresas Vitol e Glencore. As três juntas seriam responsáveis por US$ 15 milhões em propinas.

Os pagamentos estão relacionados a mais de 160 operações de compra e venda de derivados de petróleo e aluguel de tanques para estocagem, de acordo com as investigações.

O outro lado

O advogado Antônio Basto, que defende Mariano Marcondes Ferraz, disse que não vai comentar a denúncia.

O G1 tenta contato com as defesas dos demais denunciados.

 

Fonte e conteúdo:

Ministério Público Federal (MPF) e G1

 

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Entre os denunciados está o empresário Mariano Marcondes Ferraz, que já foi condenado pela Lava Jato — Foto: RPC/Reprodução

 

 

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